Genética, medicina do esporte, treinamento e nutrição ainda são a
melhores formas de alcançar resultados
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A russa Yelena Isinbayeva, bicampeã olímpica no salto com vara, é uma das atletas que não poderá competir na Rio-2016 do salto com vara (Reuters/VEJA/VEJA) |
A notícia do banimento de mais de cem atletas
russos escancarou de vez os portais na Rio-2016 para o velho fantasma do
doping que assombra os esportes de alto desempenho. Federações internacionais
de modalidades como atletismo e levantamento de peso basearam-se nos resultados
da investigação realizada pela Agência Mundial Antidoping (WADA), que aponta uma política de estado para encobrir casos
positivos no controle antidoping, na Rússia.
O conceito de doping diz respeito a três situações,
sendo que se duas delas estiverem presentes, uma substância pode ser
considerada ilícita. Primeiro, melhorar o desempenho de forma artificial.
Segundo, ser prejudicial à saúde. Terceiro, ser contrária aos valores do
esporte. Em princípio, as modalidades em que há maior incidência de casos
positivos no controle antidoping são as lutas, levantamento de peso, atletismo
e natação.
A WADA, que monitora atletas com auxílio da Interpol,
tem o objetivo de assegurar condições de igualdade nas competições, priorizando
a preservação da saúde do atleta. A entidade atualiza a lista de substâncias
proibidas anualmente no site www.wada-ama.org. A listagem que começa a ser divulgada em
novembro e dezembro é publicada no mês de janeiro do ano seguinte. Nela estão
substâncias como esteroides anabolizantes (cujas consequências frequentes são
infertilidade, agressividade e câncer no fígado), cocaína, canabis, além de estimulantes (relacionados a aumento da
pressão arterial, arritmias e morte súbita em indivíduos com pré-disposição
cardiovascular), reguladores hormonais e diuréticos.
De acordo com o especialista em medicina do esporte
José Kawazoe Lazzoli, a especialidade lê a prática de exercício físico, do
esporte competitivo e do esporte de alto rendimento de maneiras diferentes. “Na
medicina do esporte, para um indivíduo poder ser campeão mundial, campeão
olímpico em uma determinada modalidade precisa ter genética favorável somada a treinamento e nutrição adequados. Há um conjunto muito
grande de fatores que constrói um campeão mundial e um campeão olímpico. A
diferença entre o primeiro e o décimo colocados é muito pequena, por isso
muitos se sentem tentados a recorrer a algo mais para lograr um determinado
resultado desportivo”, analisa.
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Especialista em medicina do esporte José Kawazoe Lazzoli / Divulgação |
O médico, que também é cardiologista, diretor
científico da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício do Esporte, membro
do comitê executivo da Federação Internacional de Medicina do Esporte e
ministrou palestra para os médicos que atuarão na missão brasileira Rio-2016,
no Comitê Olímpico Brasileiro, adianta que está sendo preparado um documento
científico onde constarão as estatísticas sobre controle antidoping dos jogos
olímpicos Rio-2016 a ser apresentado no XXVIII Congresso Brasileiro de Medicina
do Exercício do Esporte, com data programada para 13, 14 e 15 de outubro, na
cidade de Florianópolis, em Santa Catarina.
O doping é um assunto a ressaltar até mesmo para quem
nunca fez uso dele, como é o caso do atleta petropolitano de mountain bike
Henrique Avancini, representante do Brasil na modalidade olímpica. “Eu fiz uma
escolha muito tempo atrás, mas é importante alertar os atletas que o caminho do
doping não é mais eficiente do que a infinidade de recursos tecnológicos que
ajudam no desenvolvimento do atleta de forma lícita. O desenvolvimento para um atleta ‘não dopado’ requer
estudo, autoconhecimento, trabalho a longo prazo, evolução por meio de erros e
acertos e o principal, maturação esportiva. O atleta ‘dopado’,
eventualmente, anda rápido. Eventualmente, vence provas. Porém nunca – nunca
mesmo — evolui”, complementa o ciclista, que disputa a prova de Cross-country masculino, no dia 21 de agosto.
Como é amplamente divulgado, o papel da nutrição na
performance de amadores e profissionais é fundamental. O primeiro passo é ter
uma alimentação equilibrada e de preferência de acordo com a modalidade praticada.
A diferença entre os atletas de maior pros de menor rendimento está tanto na
ingestão calórica quanto na ingestão de nutrientes como carboidratos e
proteínas.
De acordo com a nutricionista Nathália Pinho, que atende na
Clínica Cor Diagnose, em Petrópolis, os atletas de maior rendimento têm
necessidade de usar suplementos esportivos, saudáveis e éticos específicos para
cada modalidade. “Os mais comuns são os à base de carboidratos de absorção rápida
ou média, como dextrose, maltodextrina, frutose ou waxy maize e os feitos de aminoácidos,
proteínas e também os de proteínas do soro do leite ou whey protein e a cafeína
que têm ganhado cada vez mais destaque em diversas modalidades”, enumera.
Para a profissional, também é importante alimentar-se em horários
regulares, principalmente, antes do treino para proporcionar a energia necessária
para a realização da prova e após o treino ou prova, promovendo uma maior recuperação dos exercícios.
Entretanto, a quantidade vai variar de acordo com a modalidade que o atleta ou
praticante de atividade física faz. “Existem casos extremos de atletas que
podem chegar a consumir cerca de 8000 calorias/dia ou até mais, mas isso varia
de acordo também com idade, sexo, quanto tempo pratica a atividade física, qual
a intensidade diária, qual modalidade, quantas horas treina por dia, quais
tipos de treino, dentre outros fatores”, explica.
Quando se fala em exercício físico, há uma associação
imediata à força, velocidade e questão estética. As pessoas precisam estar
conscientes o suficiente para pensar que estão fazendo algo para melhorar a
própria saúde, o que torna automaticamente um contrassenso o uso de qualquer
metodologia que contrarie este objetivo.
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Serviço: A
Clínica Cor Diagnose Cardiologia fica na Rua do Imperador, 804, sexto andar, no
Centro de Petrópolis - RJ.
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